Ednei de Genaro (2009)
As tecnologias sempre trouxeram um significado de vida prazerosa e abundante. Não por menos, o mundo contemporâneo consolidou uma infinidade de produtos tecnológicos que pregam isso.
Hoje temos um verdadeiro ambiente ‘festivo’ proporcionado pela cultura digital (mp3, jogo eletrônico, celular, câmera, televisão high-definition, internet, etc, etc.). Os jovens são os maiores usuários e seduzidos pelas novas tecnologias. Tanto que cientistas sociais estudam os sentidos e problemas da cultura digital para eles.
Compreende-se que, no mundo moderno, todos os campos da vida – saúde, segurança, alimentação, mobilidade, lazer etc. – ficam cada vez mais a cargo de máquinas complexas. Ora, a vida é ‘regulada’ por tecnologias que prometem trazer conforto e felicidade – mas que, por outro lado, pagamos os preços de ficar sob os riscos não-naturais dessa regulação tecnológica (vide, por exemplo, os acidentes com aviões, com as usinas nucleares, com os apagões elétricos). Às vezes, somente quando, por exemplo, um ar-condicionado quebra é que nos damos conta da tecnologia à nossa volta.
A juventude – urbana, super exposta pelos marketings e desgarrada de tradições – está ‘naturalmente’ imersa pelas regulações dos aparelhos digitais contemporâneos.
Os jovens são os que mais desenvolvem habilidades para manusear e criar adereços (linguagens, comportamentos, imaginários) ao universo digital. Se há poucas décadas atrás, apenas o rádio e a televisão (que deixavam os jovens mais ‘passivos’) constituíam os ambientes mais tecnológicos, hoje são as diversas máquinas digitais que apreendem e ‘ativam’ as interações sociais em um novo mundo de comunicação.
É este novo mundo da comunicação que vem sendo discutido, o contexto dos jovens, que estão plenamente absorvidos nas interações e aprendizados tecnológicos e pouco tem tempo de pensar nos sentido disto para as suas vidas.
A juventude deveria ser a mais capaz de compreender que as tecnologias atuais criam todo um ‘universo cultural’, assim como produzem definições de personalidades. Ora, não há uma coisa como “o ser humano aqui e as tecnologias lá”. As duas coisas estão juntas, como nunca antes. Assim que a Internet apareceu, ela começou a redefinir as formas de pensar, memorizar, namorar, se expressar, de educar… e até de cometer crimes. E se os jovens têm já algumas faces profundamente “virtuais”, é porque ele aceita uma virtualização cada vez maior da vida.
As novas tecnologias tornam-se, pois, uma interrogação ética cotidiana. Sob os processos de mercantilização cultural, o “glamour” dos aparelhos digitais faz com que, muitas vezes, os comportamentos e entendimentos dos jovens se mostrem inconsciente e se distaciem de contextos sociais. Nas escolas, as salas de aulas acabam tendo problemas com os usos dos aparelhos digitais portáteis pelos alunos, que expõem suas expressões egoístas frente à aula.
Ainda, a juventude sofre com usos supérfluos e viciosos que sua péssima relação afetiva com as tecnologias acarreta. Cientistas investigam alguns saldos negativos que as novas tecnologias proporcionariam: deficit de atenção, stress, isolamento social, abusos com imagens fragmentadas e violentas, perda da realidade.
Sem dúvida, a educação tecnológica é cada vez mais imprescíndivel. Os jovens deveriam ficar alerta quanto aos exageros e atos antiéticos, assim como deveriam escapar de uma ingênua ilusão de liberdade e felicidade com as novas tecnologias.
