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JOSÉ ORTEGA Y GASSET (1883-1955) (Nietzsche/Existencialismo)
Técnica vista enquanto “reino de mecanismo” sem autonomia própria no relacionamento com o homem. Contudo, ela é pré-requisito para o homem se dimensionar em seu mundo, em sua “circunstância” (a vida fabrica a si mesma). A história das invenções se deu em três grandes fases: “la técnica del azar”; “La técnica del artesano”, “la técnica del técnico”. Esta última fase seria a circunstância da primeira metade do século XX: a da “era do especialismo”, do “tecnicismo”, do progresso ilimitado. Um período determinado pela angústia do “homem-massa”, de desmoralização radical porque perdido na “abundância”, na velocidade descompassante: tempo de decadência dos costumes, de pulsões e novas barbáries. [Pensador de crítica conservadora].
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| WALTER BENJAMIN (1892-1940) (Marx/Messianismo/Romantismo alemão)
A evolução da técnica na modernidade levou à problematização das estruturas da experiência humana, tal como foram construídas pela subjetividade moderna. Viver-se-ia em um otimismo cego quanto ao progresso das ciências naturais. Rompe-se com a interpretação marxista do progresso: o início do século XX é analisado, de um lado, a partir de uma percepção de crise qualitativa da temporalidade fundada na rememorização (das experiências, das tradições, do “humanismo”), e, de outro lado, na esperança de ruptura revolucionária a partir das novas materialidades e realidades criadas. [Pensador de posição dupla: modernidade trouxe potências e impotências].
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| MARTIN HEIDEGGER (1889-1976) (Nietzsche/Hölderin/Hegel)
Técnica dentro de um discurso acerca de uma sua dimensão historial – sua temporalidade e essências próprias. A essência da técnica não ser deduzida apenas por uma “causa eficiente”. Ela define um mundo, uma mundanidade. O período histórico é visto, pois, por uma temporalidade marcada pela radicalização do “esquecimento do Ser”; na subsunção do homem à armação (Gestell), essência da técnica moderna; e do consequente perigo da instrumentalização total do mundo. [Pensador da urgência, do “perigo” diante da mobilização infinita].
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| HANNAH ARENDT (1906-1975) (Heidegger/Gregos)
Entendimento da técnica se encontra dentro do diagnóstico ontológico de Heidegger, influencia marcante. O período é marcado pela racionalização do mundo pela organização do trabalho na qual resultou no “confisco do tempo” da vida contemplativa. O período é de “triunfo do homo faber” e do utilitarismo sem sentido (“a utilidade, promovida à significância, gera ausência de significado”). A era moderna poderia ser dividida em três estágios: a era da máquina a vapor, a da eletricidade e a da automação. O mundo precisaria reaprender a separar o tempo do fazer, o tempo do cuidar e o tempo do contemplar. [Pensadora da reabilitação do sentido e do valor da política, da esfera pública; contra o mundo encerrado no labor, na tecnocracia].
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| JACQUES ELLUL (1912-1994) (Protestantismo/Pensamento político sec.XIX)
Técnica moderna se define pelo ganho de autonomia. A análise do fenômeno técnico subtrai o conceito de sistema técnico e a caracterização desse sistema determinada pelo: o automatismo da escolha técnica, o autodesenvolvimento, a indivisibilidade, o universalismo técnico, a racionalidade, a artificialidade, e a autonomia. O século XX seria marcado pela flexibilidade e acelerado desenvolvimento da técnica, trazendo um desafio para re-pensar as dimensões de sociabilidade, estética, religião, economia etc. A velocidade das mudanças exaure a capacidade humana de apreensão dos acontecimentos. A questão maior é a dessincronizações e compressões temporais o aumento ilimitado da eficiência da realidade sistêmica na qual não leva em conta o homem. [Pensador “tecnofóbico”].
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| GEORG SIMMEL (1858-1918) (Neokantismo/Vitalismo)
Técnica é resultado de um movimento histórico de idolatria à “cultura objetiva”. Nas metrópoles, as técnicas formam as linguagens, leis, técnicas de produção, artes, ciências, objetos domésticos. Os ditames desta nova vida arregimentada com as tecnologias levam a uma impossibilidade de reconhecimento do tempo, das sensibilidades, emoções. O resultado são as neuroses urbanas, a perda da individuação: a “tragédia da cultura”. [Pensador das formas autonomizadas da modernidade].
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| FRIEDRICH W. NIETZSCHE (1884-1900)
As técnicas, as máquinas modernas invocam o projeto “colonizador” do homem, entregue a uma vontade de poder niilista “incondicionada”. O progresso da técnica e ciência desperta uma racionalidade: uma volição enquanto vontade de poder niilista, do homo faber – de uso, cálculo, dominação e destruição. A modernidade é dominada por um novo ideal ascético (a crença utilitarista) que significa regressão do tempo da vida para a apropriação tecnocientífica do mundo. Frente à realidade maquinal, o devir humano se encontra reduzido. Nietzsche questiona o antropocentrismo e a racionalidade moderna, buscando repensar as questões do ser, da natureza e o homem moderno [Pensador da relação progresso, niilismo, rebaixamento do humano].
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