FOTOGRAFIA: BERND AND HILLA BECHER

Bernd and Hilla Becher

Meu olhar apaixonado pelas relações entre tecnologia & estética, design tecnológicos & artes visuais não poderia deixar de notar estes dois fotógrafos com temas tão sui generis, tão inconvencional. Faço meu tour pela internet e recolho alguns materiais, que me aparecem de vários sites e vejo que o reconhecimento de seus trabalhos foram enormes nos últimos anos.

Bernd, que morreu em 2007, pode viver um pouco deste reconhecimento: Moma, Centre Pompidou, Tate… De tal modo, quanto à apresentação desses dois artistas alemães que trabalharam muito tempo em colaboração, eu obviamente me dispenso.

O que me surpreende nas fotografias deles é poder olhar a reprodutividade técnica no meio mecânico macro; poder olhar por uma faceta diferente as gigantescas e, muitas vezes, monstruosas hipertelias técnicas criadas pelas construções industriais. Suas personalidades preferidas eram: as caixas-d’água, minas, torres de resfriamento, altos-fornos, gasômetros… Os ângulos são reveladores de uma identidade incomum, insólita, intrigante. A máquina é desmiuçada em diversas partes, em diversos ângulos. Mas sempre observados por sua totalidade. Os tentáculos da arquitetura fabril invertem da direita para esquerda, da esquerda para a direita, sempre confundindo o observador.

Ao mesmo tempo que cativante, as fotografias preto-e-branco não deixam de lembrar em mim as paisagens secas, geométricas, antipáticas e insalubres que constituíam a vida atribulada do homo faber no século XX. Nascido na Europa e sendo da geração de década de 1930, os fotógrafos viveram o apogeu da era industrial feito de chapas, válvulas, correntes; feito de concreto, ferro e aço e… fumaça, muita fumaça. De tal modo, os mundos sintéticos do vidro, do plástico estão ainda longe; com o avanço do micro no mundo digital, estas fotografias já carregam o valor de reminiscência da primeira metade do século XX.

As fotografias revelam, por fim, paisagens tão (des)humanas – sem apresentar nenhum traço de corpo humano elas não deixam de guardam a realidade antropotécnica da modernidade.

1) Winding towers, France, Belgium, Germany (in 15 parts), 1983.

2) Winding Towers, Belgium,Germany. 1971–91

3) Blast Furnaces U.S.A., Luxembourg and Germany. 1979 –1986