UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL – UFMS / CÂMPUS NAVIRAÍ – CPNV / CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
PROFESSOR: EDNEI DE GENARO, Dr.
DISCIPLINA: PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO I (Carga horária: 60h)

OBJETIVO:
Apresentar e debater o pensamento social brasileiro, com enfoque no “redescobrimento do Brasil” da década de 1930. Discutir as principais ideias e os conceitos em relação ao tema, movimentando questões sobre a cultura, economia e política. Nomeadamente, a disciplina, passando pelos precursores e sucessores, se centrará na avaliação – e nas releituras críticas contemporâneas – de três pensadores: Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, nos anos 1930, e do marxista Caio Prado Júnior, momento pós-1930. Os seminários dos alunos enriquecerão as discussões, a partir da temática “O pensamento social brasileiro na literatura (1900-1930)”, sendo escolhidos os escritores: Euclides da Cunha, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Monteiro Lobato e Lima Barreto.
PROGRAMA:
INTRODUÇÃO: o que é “pensamento social brasileiro”?
SCHWARCZ, L. M. & BOTELHO, A. Simpósio: cinco questões sobre o pensamento social brasileiro. Lua Nova, São Paulo, 82: 139-159, 2011.
DEPOIS DA “FORMAÇÃO”?
NOBRE, Marcos. “Depois da ‘formação’: cultura e política na nova modernização”. Revista Piauí. Tribuna livre da luta de classes, n°74, novembro, 2012.
Documentário:
Um sonho intenso. Direção: José Mariani. 2013, 102min.

PRECURSORES DO PENSAMENTO SOCIAL BRASILEIRO
FRANSCISCO ADOLFO VARNHAGEN, a visão monárquica portuguesa
REIS, José Carlos. Anos 1850, Varnhagen: o elogio da colonização portuguesa. In: As identidades do Brasil: de Vernhagen a FHC. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.
Leituras em sala de aula:
– VARNHAGEN, Francisco Adolfo. História geral do Brasil. v. 3, São Paulo: Edusp, 1981. [Seleção de trechos]
– CARVALHO, José Murilo de. Brasil não soube assimilar entrada do povo na vida política. Folha de S. Paulo, seção Ilustríssima, 28/05/2017.
CAPISTRANO DE ABREU, em busca do povo brasileiro
– CAPISTRANO DE ABREU, José. Capítulos de história colonial. Brasília: Editora da UNB, 1982.
– REIS, José Carlos. Anos 1900: Capistrano de Abreu: o surgimento de um povo novo: o brasileiro. In: As identidades do Brasil: de Vernhagen a FHC. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.
INTERMEZZO
50 anos de Terra em Transe, a “alegoria barroca do subdesenvolvimento”.
Filme: Terra em transe (1967, Glauber Rocha, 106min).
Texto: STAM, Robert. Terra em transe. Discurso, v. 7, n. 7, Usp, São Paulo, 1976.

GERAÇÃO DE 1930
GILBERTO FREYRE
Interpretação:
“CASA-GRANDE E SENZALA” – “As características da colonização portuguesa do Brasil” (Capítulo 1) – In: FREYRE, Gilberto. Casa-grande e senzala: introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil. Rio de Janeiro: Record, 2001.
REIS, José Carlos.“Anos 1930: Gilberto Freyre. O reelogio da colonização portuguesa”. In: Reis, J. C. As identidades do Brasil: de Vanhargen a FHC. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007).
Reinterpretação crítica:
SOUZA, Jessé de. Teatro de espelhos do patrimonialismo brasileiro. In: A tolice da inteligência brasileira: ou como o país se deixa manipular pela elite. São Paulo: Leya, 2015.
SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA
Interpretação:
“RAÍZES DO BRASIL” – “O homem cordial”. (Capítulo 5) – In: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.
REIS, José Carlos.“Anos 1930: Sérgio Buarque de Holanda. A superação das raízes ibéricas. In: Reis, J. C. As identidades do Brasil: de Vanhargen a FHC. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007).
Reinterpretação crítica:
SOUZA, Jessé de. Cordial e colonizado até o osso. In: A tolice da inteligência brasileira: ou como o país se deixa manipular pela elite. São Paulo: Leya, 2015.
A VISÃO MARXISTA
CAIO PRADO JÚNIOR
Interpretação:
“FORMAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO” – “Introdução”; “Sentido da colonização”; “Economia”; “Grande lavoura”; “Organização social”; “Vida social e política” – In: PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
Reis, José Carlos. “Anos 1960: Caio Prado Jr.: a reconstrução crítica do sonho de emancipação e autonomia nacional”. In: Reis, J. C. As identidades do Brasil: de Vanhargen a FHC. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007).
Reinterpretação crítica:
OLIVEIRA, Francisco de. O ornitorrinco. In: Crítica à razão dualista. São Paulo: Boitempo, 2003.
SEMINÁRIOS – “O pensamento social brasileiro na literatura (1900-1930)”
I – EUCLIDES DA CUNHA (sertanejo)
Os sertões (1902) [Parte “O homem” – Itens I a IV].
II – OSWALD DE ANDRADE ( antropófago)
Manifesto Antropófago (1928)
Manifesto da poesia pau-brasil (1924)
III – MÁRIO DE ANDRADE (macunaíma)
Macunaíma (1928)
IV – MONTEIRO LOBATO (caboclo)
Urupês (1919)
V – LIMA BARRETO (patriota)
Triste fim de policarpo quaresma (1915)
PROCEDIMENTOS:
A disciplina se desenvolverá através de aulas expositivas e dialogadas, nas quais os alunos serão chamados ao debate das ideias e conceitos sobre o Pensamento Social Brasileiro, conceitos esses fundamentais presentes nos textos selecionados. O processo de ensino e aprendizagem englobará, ainda, a realização de atividades individuais e de seminários, bem como o exercício da pesquisa em diferentes fontes.
RECURSOS:
Lousa, giz, computador e projetor multimídia para projeção de arquivos PowerPoint e vídeo. Livros, CD, consulta a sites, textos e outros recursos bibliográficos.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
ANDRADA E SILVA, José B. de. Projetos para o Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
CAPISTRANO DE ABREU, José. Capítulos de história colonial. Brasília: Editora da UNB, 1982.
CARDOSO, Fernando Henrique. Pensadores que inventaram o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala: introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil. Rio de Janeiro: Record, 2001.
HOLANDA, Sergio B. de. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
NOBRE, Marcos. “Depois da ‘formação’: cultura e política na nova modernização”. In: Revista Piauí. Tribuna livre da luta de classes, n°74, novembro, 2012.
OLIVEIRA VIANNA, Francisco José. Instituições Políticas Brasileiras. Rio de Janeiro: José Olympio, 1949.
OLIVEIRA, Francisco de. O ornitorrinco. In: Crítica à razão dualista. São Paulo: Boitempo, 2003.
PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
SCHWARCZ, L. M. & BOTELHO, A. Simpósio: cinco questões sobre o pensamento social brasileiro. Lua Nova, São Paulo, 82: 139-159, 2011.
SOUZA, Jessé de. A tolice da inteligência brasileira: ou como o país se deixa manipular pela elite. São Paulo: Leya, 2015.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
BARBOZA FILHO, Rubem. A modernização brasileira e o nosso pensamento político. Perspectivas, São Paulo, v. 37, p. 15-64, jan./jun. 2010.
BASTOS, Elide Rugai. Atualidade do pensamento social brasileiro. Revista Sociedade e Estado, v. 26, n°2, maio/agosto, 2011.
BRANDÃO, Gildo Marçal Brandão. Linhagens do pensamento político brasileiro. Dados, n. 2, 2005.
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
MARTINS, Luciano. A gênese de uma intelligentsia: os intelectuais e a política no Brasil, 1920 a 1940. In: Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 2, n. 4, 1987.
MICELI, Sérgio. Intelectuais à brasileira. São Paulo, Companhia das Letras, 2002.
REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Vernhagen a FHC. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.
SCHWARZ, Roberto. As ideias fora do lugar. In: Ao vencedor as batatas. São Paulo, Duas Cidades, 1992.
TAVOLARO, Sergio B. F. A tese da singularidade brasileira revisitada: desafios teóricos contemporâneos. Dados, vol.57, n.3, pp. 633-673, 2014.
TORRES, Alberto. O problema nacional brasileiro. Brasília: Editora da UNB, 1982.
VARNHAGEN, Francisco Adolfo. História geral do Brasil. v. 3, São Paulo: Edusp, 1981.
Avaliação:
Conforme preconiza o Capítulo XVII da RESOLUÇÃO Nº 214, de 17 de dezembro de 2009, a verificação do rendimento acadêmico será realizada por meio de atividades acadêmicas: avaliações (escritas, práticas ou orais), trabalhos, seminários, debates, pesquisas e participação nas atividades propostas, individuais e coletivas. Datas dos seminários, prova e avaliação substitutiva serão acordadas no primeiro dia de aula.
Atividade Pedagógica de Recuperação de Desempenho em Avaliações:
A atividade de recuperação será por intermédio de uma prova substitutiva, marcada para a última semana de aulas, onde a nota da avaliação substituirá a menor nota, a prova será com base em todo conteúdo trabalhado durante o semestre na referida disciplina.
ANEXO:
SOBRE GILBERTO FREYRE
ARAÚJO, Ricardo Benzaquen. Guerra e paz: Casa-grande e senzala e a obra de Gilberto Freyre nos anos 30. Rio de Janeiro, Editora 34, 1994.
ARAÚJO, Rosa Maria Barboza de e FALCÃO, Joaquim (orgs.). O imperador das idéias: Gilberto Freyre em questão. Rio de Janeiro, Topbooks, 2001.
BASTOS, Élide Rugai. As criaturas de Prometeu: Gilberto Freyre e a formação da sociedade brasileira. São Paulo, Global, 2006.
DAMATTA, Roberto. A originalidade de Gilberto Freyre. In: Gilberto Freyre na UnB. Brasília, Editora da UnB, 1981.
MELLO, Evaldo Cabral de. Raízes do Brasil e depois. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.
SOUZA, Jessé. A modernização seletiva. Brasília, Editora da UnB, 2000. (o livro também discute Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro).
SOBRE SÉRGIO BUARQUE DE HOLANDA
CANDIDO, Antonio. O significado de Raízes do Brasil. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1967.
COSTA, Valeriano Mendes Ferreira. Vertentes democráticas em Gilberto Freyre e Sérgio Buarque. Lua Nova, n. 26, 1992.
DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Sérgio Buarque de Holanda, historiador. In: Sérgio Buarque de Holanda. São Paulo, Editora Ática, 1985.
FERREIRA, Gabriela Nunes. A formação nacional em Buarque, Freyre e Vianna. Lua Nova, n. 37, 1996.
MONTEIRO, Pedro Meira. A queda do aventureiro. Campinas, Editora da UNICAMP, 1999.
SOBRE CAIO PRADO JÚNIOR
D’INCAO, Maria Ângela (org.). História e ideal: ensaios sobre Caio Prado Jr. São Paulo, Editora Brasiliense, 1989.
IGLÉSIAS, Francisco. Introdução, Caio Prado Jr. São Paulo, Ática, 1982.
NOVAIS, Fernando. Caio Prado Júnior historiador. In: Novos Estudos CEBRAP, n. 2, 1983.
RÊGO, Rubem Murilo Leão. Sentimento do Brasil: Caio Prado Júnior – continuidades e mudança no desenvolvimento da sociedade brasileira. Campinas, Editora da UNICAMP, 2000.
REIS, José Carlos. Anos 1960: Caio Prado Jr. In: As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
RICUPERO, Bernardo. Caio Prado Jr. e a nacionalização do marxismo no Brasil. São Paulo, Editora 34, 2000.