[Tradução] – MCKENZIE WARK, “WENDY CHUN: PROGRAMANDO POLÍTICAS” [2017]

Traduções – “Software, Rede, Classe – Chun, Galloway, Wark” [Fins acadêmicos]

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WENDY CHUN: PROGRAMANDO POLÍTICAS

MCKENZIE WARK

Originalmente publicado em: Wark, M. General Intellects: Twenty-One Thinkers for the Twenty-First Century. London: Verso, 2017. [Capítulo 16].

Tradução: Ednei de Genaro

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Engelbart 1

Engelbart 2

Fotogramas da teleconferência de Douglas Engelbart, “The Mother of All Demos”. (https://www.youtube.com/watch?v=yJDv-zdhzMY)

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A relação entre o analógico e o digital é em si mesma analógica ou digital? Essa questão é uma maneira de pensar acerca do contraste entre a obra de Alex Galloway e de Wendy Hui Kyong Chun. Escreverei sobre a noção de Galloway do software enquanto simulação da ideologia, no próximo capítulo. Neste, escrevo sobre o conceito de software como um analógico da ideologia, a partir de uma leitura do livro Programmed Visions: Sofware and Memory, de Chun[1].

Software enquanto analógico é algo estranho. Esclarece sobre um desconhecido por meio de um incognoscível, compartilhando e incorporando alguns estranhos atributos à informação. Chun: “a informação digital divorciou a tangibilidade da permanência” (p. 5). Ou, tal como destaquei em Um Manifesto Hacker: a relação da matéria enquanto suporte da informação torna-se arbitrária[2]. A história da reificação da informação passa pela história da produção do software como um objeto aparte dos distintos processo de trabalho e forma propriedade. Chun aponta isso em termos foucaultianos:           

[…] o notável processo pelo qual o software foi transformado de serviço pontual a produto, de sedimentação de relações a uma coisa, de externalização da informação para o eu, coincide e congrega fortemente com o que Michel Foucault denominou governamentalidade (p. 6).

O software coincide com aquilo que Chun, seguindo Foucault e [Wendy] Brown, chama de neoliberal. Não estou inteiramente seguro de que “neoliberal” tenha muito a ver com um conceito geral, mas a distinção geral seria que no liberalismo o Estado precisa se manter fora do mercado, enquanto no neoliberalismo o mercado torna-se o modelo do Estado. Em ambos os casos não há poder soberano governando de cima, uma vez que a governamentalidade produz agentes autoativáveis, cujas ações “livres” não podem ser conhecidas antecipadamente.  Esta produção de ações livres requer um gerenciamento das populações, uma prática de biopoder.

O acima pode valer como uma explicação simplificada, um modelo padrão. O que Chun acrescenta é o papel da computação no gerenciamento das populações e o cultivo dos indivíduos enquanto “capital humano”. O sujeito neoliberal sente o domínio e o “empoderamento” por meio de interfaces de computação, que informam ao usuário acerca de eventos passados e possíveis futuros, transformando-se, com efeito, no próprio futuro. A “fonte” do modo de governamentalidade é o código-fonte. O código torna-se o logos: no princípio era o código. Em algum nível, o usuário sabe que o código não funciona magicamente, mas sim controla uma máquina; contudo, o usuário atua como se o código tivesse tal poder. Nem o trabalho da máquina nem o trabalho dos humanos tem tanta importância.

O código enquanto logos organiza o passado como dados armazenados e os apresenta a partir de uma interface como meio para as unidades de capital humano realizarem suas apostas. “O software enquanto coisa é inseparável da externalização da memória, do sonho e pesadelo de um arquivo abrangente que constantemente se regenera e degenera, desvela e vela diante de nossos olhos” (p. 11). Como [Bifo] Berardi e outros notaram, isso não é a tragédia da alienação, mas aquilo que [Jean] Baudrillard chamou de êxtase da comunicação[3].

O software é o crucial componente na produção da aparência de transparência, onde o usuário pode gerenciar seus próprios dados e imaginar que ele vê todas as variáveis relevantes para as suas decisões de investimentos sobre seu próprio capital humano. Curiosamente, esta visibilidade é produzida por algo invisível, que esconde seu funcionamento. Além disso, a computação torna-se uma metáfora permutável por qualquer coisa que seja invisível, ainda que gerem efeitos visíveis. A economia, a natureza, o cosmo, o amor são todos considerados caixas-pretas que podem ser conhecidas por dados visíveis a partir de suas interfaces.

A interface aparece, pois, como um dispositivo, uma espécie de mapeamento cognitivo – embora não aquele do Fredric Jameson, pois tal seria uma intuição estética da totalidade das relações sociais capitalistas[4]. O que temos é um mapa de um mapa, das relações de troca entre unidades quantificáveis. Na tela do dispositivo, cujo funcionamento não sabemos, vemos claramente os dados a respeito do funcionamento de outras coisas que também não sabemos. Do mesmo modo que o dispositivo parece redutível ao código, revelados pelos dados, os outros sistemas também precisam que seus modelos sejam reduzidos ao código, fazendo aparecer seus dados.

Contudo, isso não é exatamente um atributo da computação em geral, mas sim uma versão histórica dela, onde o software emerge como uma segunda (ou terceira, ou quarta…) ordem de apresentação de certas coisas que o computador pode fazer. Chun: “O software emerge como uma coisa – como um programa textual iterável – por meio de um processo de comercialização e comodificação que tem feito o código um logos: código como fonte, código como verdadeira representação da ação – na verdade, código como correlacionado e substituível à ação” (p. 18).

Um efeito colateral da ascensão do software foi a fantasia de um todo-poderoso programador. Eu não penso que seja inteiramente o caso de o codificador ser um tipo ideal neoliberal. Em vez disso, tal figura está absorvida e sutilmente transformada em uma série de figuras arquetípicas. O programador pode ser tanto uma figura de controle como de rebelião, ou mais que isso. Ora figura da ordem, outrora figura romântica, fora da lei, em busca de exploit[5].

Penso que seja mais útil focar menos na suposição de um único atributo ao programador e perguntar-se mais acerca do tipo de trabalho que ele ou ela faz, e quais outros trabalhos que poderia fazer. As qualidades muito particulares da informação, em parte um produto desta trajetória bem tecnocientífica, faz do codificador um agente singular para um tipo de trabalho igualmente peculiar. Contudo, em partes do pensamento de Chun, o trabalho está curiosamente ausente. A figura do codificador como um romântico fora-da-lei, hacker, pode ser em grande parte um mito, porém é ele quem coloca as questões de agência, que geralmente não aparecem quando se pensa a partir de Foucault[6].

Contra Galloway, Chun não quer tomar como dada a identidade técnica do software, como meio de controle da máquina que ele controla. Chun quer a materialidade da máquina sempre aberta. O código não é tudo, mesmo que seja justamente assim que o código nos faça pensar. “Essa amplificação do poder do código-fonte domina a análise crítica do código, e a valorização do software como uma ‘camada motora’ corrobora conceitualmente com a ideia de software como ordenado em camadas” (p. 21).

O código torna-se fetiche, como Haraway também argumentou[7]. No entanto, um estranho caso de fetiche, não inteiramente análogo ao da religião, da mercadoria ou do fetiche sexual. Nos ambientes em que o suposto fetiche oferece meios de controle do imaginário, o código realmente controla as coisas. Pode-se aqui inverter a afirmação. E se não aceitássemos que aquilo que o código controlou seja marcado pelo fetichismo? Por qual razão os objetos específicos precisam ser interpostos como talismãs de uma relação de poder abstrata e invisível, embora real?

Penso que se possa sustentar a inversão acima e ainda aceitar muitas nuances das interessantes e persuasivas leituras de Chun dos textos e momentos chaves da história da computação. Ela argumenta, por exemplo, que o código não pode ser confundido com a sua execução. Não se pode executar um código-“fonte” em si mesmo. Esse precisa ser compilado. A relação entre o código-fonte e a máquina não é mera identidade técnica. “O código-fonte somente torna-se uma fonte depois do fato” (p. 24).

Veja, poder-se-ia levar as coisas ainda mais longe que Chun. Ela fundamenta o código-fonte no código de máquina e o código de máquina nas arquiteturas da máquina. Contudo, tal fundamento funciona caso haja uma “fonte” de energia, que existem somente se fabricado com materiais em geral bastante raros[8]. Todos os quais estando hoje sujeitos a formas de comando computadorizado, que reúnem tais materiais e operando-os juntos. Reduzir computadores a comandos – e, de fato, não somente computadores, mas economias políticas inteiras –, pode não ser exatamente uma antropomorfização do computador, mas seria um reconhecimento de que a informação tornou-se uma coisa bastante não-humana.

Eu argumentaria que o desejo de ver o ato de comandar um dispositivo desconhecido e invisível, a partir de interface e software, em que o código aparece como fonte e logos, seja talvez ao mesmo tempo uma maneira de compreender a opacidade da economia política neoliberal e, de fato, a sua irracionalidade. Contudo, provavelmente o comando em si mesmo não seja tão comandante, aparecendo também como um gesto que somente restaura o próprio sujeito. Talvez o comando não seja “empoderamento” de coisa alguma, a não ser de si mesmo. A informação tem controle acerca de ambos, objetos e sujeitos.

De modo a desenvolver a ideia acima, Chun lembra um momento conveniente da história da computação – as “garotas ENIAC”. Nos primórdios da computação, tinha-se uma divisão de gênero no trabalho, em que os homens trabalhavam com problemas matemáticos e as mulheres tinham que incorporá-los em uma série de etapas a ser processadas pela máquina. “Alguém pode afirmar que a programação tornou-se a programação e o software tornou-se o software quando os comandos mudaram de comando de ‘garota’ para comando de máquina” (p. 29).

A trajetória do software, embora Chun não pondere exatamente assim, poderia ser vista como resultado de lutas por trabalho. O software elimina a necessidade de programar todas as tarefas diretamente ligadas à linguagem da máquina. O software oferece ao codificador um ambiente para escrever instruções à máquina; e para usuário, um ambiente para escrever problemas para a máquina resolver. O software aparece via interface que torna a máquina invisível, criando, não obstante, modos de pensar acerca das instruções ou dos problemas de forma mais inteligível ao ser humano, e mais eficiente, em termos de habilidades humanas e restrições de tempo.

O software elimina a necessidade de escrever em linguagem de máquina. Isto faz com que a programação seja uma tarefa de ordem superior, baseada em operações matemáticas e lógicas, e não em operações de máquinas. Mas isto também faz a programação disponível um tipo de trabalho industrializado. Certas tarefas podem ser automatizadas. A rotina de execução da máquina pode ser separada da solução de tarefas específicas da máquina. Poder-se-ia mesmo dizer que isso constitui uma espécie de desqualificação[9].

A separação do software do hardware também permitiu a separação de certas tarefas de programação nos próprios softwares. Daí o surgimento da programação estruturada como uma maneira de gerenciar a qualidade e a disciplina do trabalho quando a programação se torna uma indústria. A programação estruturada admite uma divisão do trabalho e protege o funcionamento da máquina das rotinas de trabalho de programação. O resultado pode ser menos eficiente do ponto de vista da organização do “trabalho” da máquina, porém mais eficiente do ponto de vista da organização do trabalho humano. A programação estruturada recruta a máquina na tarefa de autogerência. Um passo para a programação orientada a objetos, que oculta ainda mais a máquina, e também o interior de outros “objetos”, àqueles nos quais o programador é encarregado da divisão do trabalho.

Como [Amy] Wendling, Chun nota que foi Charles Babbage, em vez de Marx, quem antecipou a industrialização das tarefas cognitivas e a aplicação delas na divisão do trabalho[10]. Todavia, nenhum dos dois previu o software como uma forma distinta de mercadoria; ou (eu adicionaria) como uma forma que poderia ser produto de um tipo de trabalho totalmente distinto. Seria possível ainda dizer mais sobre a evolução da relação da propriedade privada, que permitiu que o software configura-se como resultado de um trabalho, e não apenas como um serviço aplicando relações matemáticas que ocorrem naturalmente no funcionamento das máquinas.

Crucial na análise de Chun é o modo como o código-fonte transforma-se em algo que oculta a execução. Esconde o trabalho da máquina, enquanto um tipo de espectro, como disse Derrida[11]. Isto faz com que as ações humanas na máquina apareçam na forma de uma poderosa relação. “Incorporada à noção de instrução como fonte e aos esforços para automatizar a computação – assombrando-as incansavelmente – aparece uma narrativa constantemente repetida de liberação e empoderamento, adjuntas e (ex) escravas” (p. 41).

Seria interessante saber se isso pode ser uma qualidade dos processos de trabalho. A mecânica ou o mecânico de automóveis não precisa conhecer a complexidade da metalurgia envolvida no bloco de motor moderno. Ela ou ele apenas precisa saber como substituir a junta queimada. O que vem a ser muito diferente é o modo como estes “objetos” particulares, feitos de informação armazenada em certa superfície material randômica, podem ser formas de propriedade privada, e ser projetados de maneira a renderizar informações nas quais trafegam igualmente propriedades privadas. Pode haver soluções mais distintas no modo como a forma-código interage com a forma-propriedade do que apenas na forma de código.

Se alguém visualizasse conjuntamente a evolução de tais formas, enquanto produto de uma série de lutas, seria possível então explicar os traços particulares dos dispositivos contemporâneos. Chun: “A história da computação é repleta de momentos de ‘liberação do computador’, que são também momentos de grande ofuscação” (p. 45). Isso tudo gira em torno da questão de quem está livre do quê. Contudo, em Chun, a questão é mais sobre os efeitos da estrutura do que o resultado de lutas e negociações.

A usuária ou o usuário é “liberto” não apenas precisando conhecer sua máquina, mas também a partir da propriedade do que é executado na máquina, e da propriedade dos dados que ele produz na máquina. Há então uma questão sobre se o primeiro tipo de “liberação”, o de conhecer a máquina, leva por si só e necessariamente à “libertação” geral, de possuirmos as informações que produzimos. Além disso, tal questão atua em combinação com as lutas de classe que mobilizaram a emergência do modo de produção dirigido pelo software, de propriedade intelectual enquanto forma de relações de produção.

Em resumo: os programadores e usuários parecem transformados mais poderosos, porém mais distantes de suas máquinas. O programador, e também o usuário, não trabalha com a materialidade da máquina, mas com a informação. A informação torna-se uma coisa, quiçá no sentido de um fetiche, quiçá também no sentido de uma forma de propriedade, e de um poder real sobre e contra aqueles que trabalham.

Contudo, não vamos perder de vista a discussão de gênero no argumento. Programação é uma profissão estranha. No momento em que as mulheres estavam adentrando nas profissões, antes dominadas por homens, a programação fez o inverso, tornando-se um domínio masculino. Isso se deu, provavelmente, devido a um começo em que o trabalho era de tipo auxiliar feminino, logo se transformando – a partir da intermediação por software – em casta sacerdotal [priestly caste], uma profissão acadêmica e de engenharia. Quem sabe o viés masculino seja então um fator temporal: a programação somente mais tarde se transformou em profissão. Posso comparar isso com a bem conhecida história de como a obstetrícia excluiu as parteiras do mercado de parto, masculinizando e profissionalizando a profissão, há mais de cem anos; mais recentemente, contudo, com a reentrada das mulheres na profissão, isto vem sendo alterado[12].

Meu argumento é que, embora a época seja diferente, a programação não deveria ser tão diferente das outras profissões, em suas reivindicações de comando exclusivo, com base em conhecimentos de protocolos desprovidos de certas dimensões materiais e práticas. A esse respeito, seria diferente da arquitetura? O que precisamos compreender, sobretudo, é como o software intervém e transforma todas as profissões. A maioria das profissões tem sido redefina como espécie de trabalho informacional. Em muitos casos, isso tem levado, por um lado, à desqualificação e casualização, por outro, a um horizonte único e hierárquico, baseado em informações e cargos. Não que a programação seja um exemplo de “neoliberalismo”, mas sim que a programação se tornou um termo genérico para um conjunto de sintomas do papel da computação na atual conjuntura, de produção de informação a partir de camadas de controle.

Daí então minha reticência em relação às ambiguidades de algumas formulações de Chun, tais como: “O software tornou-se axiomático. Por princípio, abraça certa lógica neoliberal de causa e efeito, baseando-se na ocultação da execução e no privilégio da programação” (p. 49). Ora, o software não vem a ser o que permite o neoliberalismo e, mais ainda, que o neoliberalismo é somente uma forma bastante imprecisa de descrever um modo de produção centrado no software? A máquina invisível encontra-se unida à lista de outros operadores invisíveis: escravos, mulheres, trabalhadores. Eles não precisam ser tão visíveis, desde que façam o que lhes é dito. Eles só precisam ser vistos fazendo o que devem fazer. Invisibilidade é o outro lado do poder[13]. Na medida em que o software tem poder ou é o poder, isto não é um fetiche imaginário.

Em vez de fetiche e ideologia, talvez nós pudéssemos utilizar alguns conceitos diferentes, como os que [Alexander] Bogdanov chama de substituição e de metáfora básica[14]. Neste modo de pensar, a forma de organização atual, por meio da qual o trabalho é controlado, encontra-se projetada em outros fenômenos, desconhecidos. Nós substituímos a forma de organização que conhecemos e experimentamos por formas que não conhecemos – a vida, o universo etc. As metáforas básicas em operação são, pois, aquelas da forma dominante de trabalho, e seu modelo causal converte-se em uma totalidade de mundo.

Parece-me um bom esboço de como o código, o software e a informação transformando-se em termos que podem ser substituídos por todo e qualquer problema, da compreensão do cérebro ao amor, da natureza à evolução. Por exemplo, a programação orientada a objetos é apanhada, retirada da atual história técnica e econômica, e usada como metáfora por [Timothy] Morton e outros – como ontologia orientada a objetos. A computação cria um modo de pensar sobre as relações de poder, mesmo de mapeamento delas, em um mundo em que os objetos e os sujeitos, ambos, podem ser controlados pela informação.

Como reconhece Chun, os computadores tornaram-se máquinas metafóricas. Por serem máquinas universais, no sentido matemático de [Alan] Turing, elas convertem-se em máquinas universais também em um sentido poético[15]. O computador é, nos termos de Chun, um tipo analógico, ou, em Galloway, uma simulação. É nesse sentido que, para Chun, a relação entre analógico e digital é analógica; enquanto para Galloway é digital; a partir da máquina, observa-se o código como uma analogia para o mundo que controla; a partir do software, uma simulação de mundo a ser controlado. Assim, do circuito monetário de Marx, dinheiro -> mercadoria -> dinheiro; existiria agora outro: digital -> analógico -> digital. A questão contemporânea pode ser como o primeiro foi subsumido no segundo.

Para Chun, a promessa da “comunidade inteligente”, apregoada a partir da computação como “visão superior”, prova-se ilusória. A produção de mapeamentos cognitivos via computação obscurece os meios pelos quais eles são realizados. Contudo, não existiria aqui um tipo de modernismo estético em ação, onde a verdade das aparências está desvelando os materiais por meio dos quais as aparências são geradas? Gostaria de ler um pouco diferente de Chun a literatura da computação. Não penso que a questão da verdade do código esteja em sua execução como, pela e na máquina. Se sim, por que parar por aí? Por que não relacionar ainda mais a máquina à sua produção? Eu não estou inteiramente certo de que se possa dizer, depois do fato, que o software codifica uma lógica neoliberal. Além do mais, poder-se-ia interpretar os sinais de lutas acerca do tipo de informação de poder que veio se afirmar.

Isso nos leva à história das interfaces. Chun começa com a lendária rede de defesa aérea SAGE [Semi-Automatic Ground Environment], o maior sistema computacional até então construído. Usava 60.000 tubos de vácuo e gastava três megawatts para rodar. Fora finalizado em 1963, já obsoleto, embora tenha permitido a construção do sistema de reservas aéreas SABRE. Partes do hardware do velho SAGE foram utilizadas em sets de filmagens que precisassem dos cintilantes computadores – como no Fuga no Século 23 [Logan’s Run].

A história do SAGE é uma história da origem das ideias de computação em tempo real e de design de interface, permitindo a manipulação “direta”, a partir da simulação do engajamento pelo usuário. Também é um exemplo de como depois [a designer de videogames] Brenda Laurel pensaria o computador enquanto teatro. Como um teatro, os computadores oferecem o que Paul Edwards denomina um mundo fechado de interação, onde se deve suspender as crenças e entrar nos prazeres de um mundo premeditado[16].

SAGE console

Operador de console do SAGE, 1958 (National Achives; n°342-B-003-14-K-435-48). Reproduzido a partir de Chun (2011, p. 61)

As alternativas oferecidas por uma interface altera a rotina e modifica a noção do que é possível. Sabemos que nossas “pastas” e “desktops” não são reais, mas, de qualquer maneira, nós os usamos como se fossem. Veja, um arquivo em papel já é uma metáfora. O mundo não é melhor ou pior representado pelas minhas pastas de papel do que pelas minhas “pastas” digitais, mesmo elas não sendo o mesmo tipo de representação.

Chun: “Software e ideologia encaixam-se perfeitamente, porque ambos tentam mapear os efeitos tangíveis do intangível e posicionar as causas intangíveis a partir de provas visíveis” (p. 71). Quem sabe isso seja uma resposta para a desorientação do momento pós-moderno. Galloway dirá que o software simula a ideologia. Eu penso que o problema aqui é do software emergindo como uma metáfora básica, um modelo útil tirado a partir do processo de trabalho mais avançado, substituído por processos desconhecidos. O mapeamento cognitivo é agora algo que todos carecem realizar constantemente, e de uma forma um tanto restrita – mapeando dados sobre custos e benefícios, riscos e recompensas – em vez de apreender a totalidade das relações sociais mercantilizadas.

Na provável intuição mais ousada do livro, Chun argumenta que a computação faz parte de uma disposição geral, uma episteme, avivada no pensamento moderno, em que o corpo inescrutável de um fenômeno atual pode ser compreendido como um produto visível de um processo invisível que foi de algum modo codificado. Tal processo requer um arquivo, um passado sobre o qual trabalhar, e um processo através do qual o progresso futuro insurja de informações passadas.

JCR Licklider, Douglas Engelbert e outras figuras da computação do pós-guerra buscavam máquinas que funcionassem em rede, rodassem em tempo real e tivessem interfaces que permitissem o usuário “navegar” por problemas complexos enquanto “dirigissem” uma interface de forma a apreender em etapas. Chun: “O sistema de Engelbart ressalta a fundamental qualidade neoliberal de empoderamento pessoal – a capacidade de o indivíduo ver-se, guiar-se e destruir-se criativamente – enquanto desenvolvimento social vital” (p. 83). Para mim, faz mais sentido dizer que os sintomas básicos do “neoliberal” são mais bem considerados enquanto “engelbartianos”. Seu famoso “demo” de computação interativa para “trabalhadores intelectuais” pode ser visto agora como o artefato cultural realmente significativo de 1968[17]. Chun:

O software tornou-se a súmula do senso comum para a cultura e o hardware, uma súmula para a natureza. […]. Em nossa sociedade pós-ideológica, o software sustenta e despolitiza as noções de ideologia e de crítica da ideologia. As pessoas podem negar a ideologia, mas não negam o software – e atribuem ao software, metaforicamente, poderes superiores aos atribuídos à ideologia. Nossas interações com o software disciplinaram-nos, criaram certas expectativas de causa e efeito, ofereceram-nos prazer e poder – um modo de navegar no nosso mundo neoliberal – que acreditamos serem transferíveis para outro lugar. Também promoveram nossa crença no mundo como neoliberal; como um jogo econômico que segue certas regras. (p. 92)

Mas o software realmente “despolitiza”, ou ele muda o que é a política ou que ela poderia ser?

A mídia digital programa tanto o futuro como o passado. O arquivo é o primeiro e último registro público de propriedade privada, sendo por isso que os situacionistas praticaram o détournement, para não tratá-lo como propriedade, mas como bens comuns. O poder político requer o controle do arquivo, ou melhor, da memória – tal como o Google claramente compreendeu[18]. Chun:

A presença ininterrupta das novas mídias detém o futuro como futuro ordinário. Salvando o passado, supõe permitir conhecer mais facilmente o futuro. O futuro é a tecnologia, porque a tecnologia nos permite ver tendências e, então, fazer projeções – permite-nos intervir no futuro, baseando-se em programas e dados armazenados que comprimem o tempo e o espaço. (p. 97)

Aqui está o que Bogdanov reconheceria como uma metáfora básica para o nosso contemporâneo: “Pela repetição, o software é axiomático. Por princípio, abraça certa lógica de causa e efeito, um prazer causal que oculta a execução e reduz a programação a um ato de escrita” (p. 101). A mente, os genes, a cultura, a economia, e até a própria metáfora podem ser compreendidas como software. O software produz a ordem a partir da ordem, contudo fazendo parte de uma episteme mais ampla:

A unidade para o software – para um programa independente que associa legislação e execução – não surgiu somente a partir do campo da computação. Em vez disso, o código enquanto logos existia e emanava de outros lugares – fazia parte de um campo epistêmico da programabilidade biopolítica. (p. 103)

De fato, isso é como devidamente sustentaria o pensamento de Foucault.

Em um desdobramento especialmente interessante, Chun argumenta que tanto a computação quanto a biologia moderna derivam da mesma episteme. Não que a biologia tenha surgido de um fascínio pelos genes enquanto código, sob a influência da computação. Em vez disso, tanto a computação quanto a genética se desenvolvem a partir do mesmo ambiente conceitual. Inicialmente, a teoria cibernética não tinha um conceito de software, na verdade. Não se encontra isso em Norbert Wiener ou em Claude Shannon[19]. O trabalho deles foi tratar a informação como sinal. No primeiro, o sinal é o feedback; e, no segundo, o sinal é a erradicação do ruído. Como então as informações pensadas enquanto código e controle se desenvolveram na cibernética e na biologia? Ora, ambas eram parte do mesmo empenho governamental de entender o visível como controlado por um programa invisível que emana o presente do passado, e medeia a relação entre as populações e os indivíduos.

Neste ponto, um texto fundamental para Chun é o de Erwin Schrödinger, O que é vida? (1944), que postula o gene como um tipo de “cristal”[20]. Schrödinger via a célula viva como regida por um tipo de governo militar ou industrial, onde cada célula seguia a(s) mesma(s) ordem(ns) internalizada(s). Isso ressoa com o conceito de [Claude] Shannon de informação enquanto entropia negativa (medida de aleatoriedade), e o de Wiener, de informação enquanto entropia positiva (medida de ordem). O texto de Schrödinger torna possível uma visão da vida não vitalista – nenhum espírito especial é invocado – mas que poderia explicar a organização acima a partir do nível de uma proteína, que era o nível de complexidade que [Joseph] Needham e outros bioquímicos poderiam explicar naquela época. Contudo, isso custou substituir o “cristal”, ou a “forma”, pelo próprio organismo.

A partir do jovem Foucault, Chun pensa que alguns elementos-chave de certa episteme de conhecimento são incorporados no texto de Schrödinger. O interesse de Foucault estava nas descontinuidades. Ainda, sua metáfora de “arqueologia”, dá-nos a imagem de estratos descontínuos. Em Foucault, nunca ficou completamente claro o que explica as “mutações” que formam os limites destas descontinuidades. Na obra deste filósofo do conhecimento, a metáfora básica da “arqueologia” proporciona um tipo muito especial de “trabalho de campo” com os estratos geológicos dos arquivos.

Chun: “O projeto arqueológico tenta mapear o que é visível e o que articulável” (p. 113). Pode-se indagar se a obra de Foucault foi talvez mais um exemplo do que uma crítica de certo modo de conhecimento. Foucault disse que Marx era um filósofo que nadava no século XIX como um peixe nada na água[21]. Talvez agora pudéssemos dizer que Foucault é um pensador que nadou no século XX como um torpedo nada na água. A computação, a genética e a arqueologia de Foucault são sobre descontinuidades e conhecimentos discretos.

Ainda assim, Foucault tem seus usos. Chun destaca-o para revelar como há um precursor da arquitetura conceitual da computação na genética e na eugenia. A eugenia era um programa político, supostamente baseado em genética, cuja missão era aprimorar o “estoque de procriação” do animal humano. Mas os humanos provaram ser muito difíceis de programar, talvez por isso que tal disposição tenha terminado em computação.

A “origem” da genética moderna é geralmente reconhecida como sendo os experimentos redescobertos por Gregor Mendel[22]. A genética mendeliana é em certo sentido “digital”. As peculiaridades dos estudos dele são os pares binários. A aparência da ervilha (fenótipo) é controlada pelo código (genótipo). O conceito de gene recessivo faz a criação seletiva da eugenia bastante difícil na prática. Mas isso é uma teoria atrelada a uma herança “forte”, em que a natureza é tudo e o cultivo não importa. De tal modo, ainda pode ser usada em debates acerca dos tipos de biopoder a favor da eugenia, em vez de políticas de bem-estar.

Curiosamente, Chun faz um (mau) uso da genética mendeliana enquanto uma teoria eugênica precursora da cibernética. “A eugenia é baseada em uma fundamental crença a respeito do conhecimento sobre o corpo humano, na capacidade de ‘ler’ seus genes e de programar a humanidade de acordo […]. Como a cibernética, a eugenia é um meio de ‘governança’ ou de navegação na natureza” (p. 122). A noção de informação como um código-fonte já foi trabalhada na genética, bem antes da computação ou da biologia moderna. O controle do e pelo código, como um meio de promover a vida, a agência, a comunicação e as qualidades do capital humano agir livremente, vem a ser, pois, uma ideia com longa história. Podemos questionar aqui se isso não corresponderia a certa tendência de organização do trabalho na época. O que une os sistemas maquínicos e biológicos de informação é a ideia de algum tipo de informação de arquivo a partir do qual um código-fonte articula estados futuros de um sistema. Contudo, a memória veio a ser associada à armazenagem. O processo ativo de esquecer e lembrar transforma-se em um vasto e infindável armazenamento de dados.

Há dois pontos que gostaria de discordar de Chun. Um tem a ver com o status ontológico da informação, e o outro tem a ver com o status político-econômico. A partir de Chun compreendo que a informação já é reduzida à máquina que executa suas funções, e então tais máquinas são inseridas em um quadro histórico onde apenas vê governabilidade, e não uma economia política. Chun: “A informação trafegando através do computador não é 1s e 0s; debaixo dos dígitos binários e da lógica existe um mundo confuso e barulhento de sinais e interferência. A informação – se ela existe – é sempre incorporada, seja em uma máquina ou em um animal” (p. 139). Sim, a informação não tem autonomia e existência a priori. Neste sentido, Chun, Galloway e eu não somos platônicos. Porém, não penso que a informação seja redutível ao substrato material que a carrega.

A informação é um termo traiçoeiro, significa ordem, neguentropia, forma, por um lado, e algo como sinal ou comunicação, por outro. Tais significados estão relacionados, mas não são os mesmos. A maneira como eu reconstruiria a história intelectual da técnica daria ênfase na dupla produção da informação, sendo ela um conceito e um fato no design das máquinas que podem ser controladas pela mesma; entretanto, compreendida como sinal, transforma-se em meio de produção de ordem e forma.

Seria possível ponderar sobre como a informação foi historicamente engendrada como uma realidade, do mesmo modo que a energia foi engendrada como uma realidade, em um momento pretérito na história das técnicas. Nos dois casos, certas características da história natural são descobertas e repetidas na história da técnica. Ou melhor, as características que se tornará retrospectivamente história natural. Para nós, sempre houve informação, assim como para os vitorianos sempre houve energia (mas não a informação). O não-humano entra na história humana por meio da mediação inumana de uma técnica, onde o trabalho aplica isso.

Devo recusar, pois, que a informação flutue livremente e vire uma espécie de nova teológica essência ou doação, flutuando na “nuvem”[23]. Mas há certa verdade histórica na produção de um mundo onde a informação pode ter relações arbitrárias e reversíveis com a materialidade; isso, especialmente, quando a singular relação entre a informação e seus substratos é uma relação de controle. A informação controla outros aspectos da materialidade, e também controla a energia. Dos três aspectos da materialidade – matéria, energia e informação – o último aparece agora como uma forma de controlar os outros dois.

Penso que vale a pena fazer uma pausa para considerar as informações não apenas como governamentalidade, mas também como mercadoria. Chun:

Se a mercadoria é, como famosamente Marx argumentou, uma ‘coisa sensível suprassensível’, a informação poderia ser seu complemento: uma coisa suprassensível sensível […]. Ou seja, se a informação é uma mercadoria, não é somente por conta das circunstâncias históricas ou das mudanças estruturais, é também porque as mercadorias, como a informação, dependem de uma abstração fantasmagórica (p. 135).

Enquanto retrospectivos leitores de como a história natural entra na história social, talvez seja necessário reler Marx do ponto de vista da informação. Ele tinha uma compreensão bastante boa da termodinâmica, tal como observou Wendling, mas ainda não existia a informação da maneira como temos hoje.

Até que ponto a informação é o “complemento” perdido da mercadoria? Há apenas um tipo de (proto-) informação em Marx, e isto se encontra no equivalente geral – o dinheiro. A materialidade de uma coisa – digamos, um “casaco” –, seu valor de uso, é duplicada pela sua quantidade informacional, seu valor de troca, sendo trocada contra o equivalente geral, ou a informação como quantidade. Contudo, observe o item faltante. Antes que alguém possa trocar a coisa “casaco” por dinheiro, outro precisa da informação “casaco”. O que o equivalente geral proporciona no mercado não é a coisa, mas outro tipo de informação – digamos, o não-equivalente geral – uma espécie genérica, compartilhada e pactuada de informação acerca das qualidades das coisas[24].

Atrelando tais esboços, poder-se-ia pensar, pois, qual papel a computação desempenha na ascensão de uma economia política (ou uma pós-política), de modo que não somente o valor de troca domina o valor de uso, mas onde o valor de uso retrocede ainda mais, antes do não-equivalente geral, ou da informação sobre o valor de uso. Em tal mundo, o fetichismo confundiria o corpo com a informação, não o contrário, pois é a informação que controla o corpo.

De tal maneira, desejamos pensar que os corpos importam, que as vidas importam, que as coisas importam – quando na verdade tudo isso está sendo apenas suporte para a acumulação de informação, e para a informação como acumulação. Talvez “neo”liberal seja um termo demais retrógado para um mundo onde não apenas deixa os corpos “livres” para acumularem propriedades, mas deixa “livre” as informações dos corpos, tornando-as proprietárias de si mesma. Talvez os corpos sejam agora modelados por mais de um tipo de código. Talvez não seja mais a época de usar Foucault e Derrida para explicar a computação, mas sim vê-los como efeitos colaterais da própria era da computação[25].

[1] Chun, W. H. Programmed Visions: Software and Memory, Cambridge, MA: MIT Press, 2011. [Nota da tradução: para a referida obra de Chun, diversas vezes citada, Wark simplifica indicando apenas a numeração da página. Seguiremos aqui da mesma maneira.]

[2] Wark, McKenzie. A Hacker Manifesto, Cambridge, MA: Harvard University Press, 2004. Ver o capítulo “Information”.

[3] Baudrillard, Jean. The Ecstasy of Communication. Los Angeles: Semiotext(e), 2012.

[4] Toscano, Alberto; Kinkle, Jeff. Cartographies of the Absolute. Winchester: Zero Books, 2015.

[5] Galloway, Alexander R; Thacker, Eugene. The Exploit: A Theory of Networks. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2007.

[6] Coleman, Gabriella. Coding Freedom. Princeton: Princeton University Press, 2012.

[7] Wark, McKenzie. Molecular Red. London: Verso, 2015.

[8] Parikka, Jussi. A Geology of Media. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2015.

[9] Braverman, Harry. Labor and Monopoly Capital. New York: Monthly Review Press, 1998.

[10] Ver também: Dyer-Witheford, Nick. Cyber-Marx. Urbana: Illinois University Press, 1999, pp. 2–5.

[11] Derrida, Jacques. Specters of Marx. New York: Routledge, 2006.

[12] Federici, Silvia. Caliban and the Witch. New York: Autonomedia, 2004.

[13] Mirzoeff, Nicholas. The Right to Look. Durham, NC: Duke University Press, 2011.

[14] Wark, Molecular Red, p.13 et seq.

[15] Hodges, Andrew. Alan Turing: The Enigma. Princeton, NJ: Princeton University Press, 2014.

[16] Edwards, Paul. The Closed World. Cambridge MA: MIT Press, 1997; Laurel, Brenda. Computers as Theater. Upper Saddle River, NJ: Addison Wesley, 2013.

[17] Engelbart, Douglas. “The Mother of All Demos”, 1968.

[18] Vaidhyanathan, Siva. The Googlization of Everything. Berkeley: University of California Press, 2011.

[19] Wiener, Nobert. Cybernetics. Cambridge MA: MIT Press, 1965; Shannon, Claude; Warren Weaver, Warren. The Mathematical Theory of Communication. Bloomington, IL: University of Illinois Press, 1971.

[20] Schrödinger, Erwin. What Is Life? Cambridge: Cambridge University Press, 2012.

[21] Foucault, Michel. Order of Things. New York: Vintage, 1973, pp. 261–2.

[22] Um tópico interessante. Aqui somente mencionarei o Haldane, JBS. The Causes of Evolution. Princeton NJ: Princeton University Press, 1990. Um dos textos fundadores da genética das populações, sendo o autor bastante presciente acerca das implicações do campo.

[23] Hu, Tung-Hui. A Prehistory of the Cloud. Cambridge, MA: MIT Press, 2006.

[24] Wark, McKenzie. ‘Capture All’. Avery Review, 2015, in: averyreview.com.

[25] Liu, Lydia. The Freudian Robot. Chicago: University of Chicago Press, 2011.